Mercado de suínos de Minas Gerais sob a pandemia em 2020

O Coronavirus, denominado tecnicamente de SARS-Cov-2, causador da pandemia de COVID-19 percorre o mundo. Traz suas consequências sobre a saúde e a economia de todos os países. Como não poderia ser diferente, a suinocultura do estado de Minas Gerais, no Brasil, também sofre as consequências.

Alvimar Lana e Silva JallesAlvimar JallesSeguir

15 Maio 2020

Especificamente por aqui em Minas Gerais, assistimos a primeira queda de preços na Bolsa do dia 20/03. Começou uma sequência de intensidade muito acima do normal que durou 5 semanas. Ao final das 5 semanas tínhamos um acumulado médio semanal de R$ 0,46 ou três vezes a média mais comum das altas desde 2019 que situa-se em torno de R$ 0,16.

O que fez isso?

Temos defendido a ideia de que o mercado de suínos vivos de Minas Gerais está em um modelo de concorrência perfeita, formado por muitos vendedores e muitos compradores. Não há ninguém com força suficiente para alterar os preços de acordo com seus interesses.

Também enxergamos e valorizamos o óbvio: preço é determinado por oferta x procura. O detalhe muito importante é que as expectativas são extremamente poderosas em afetar essas 2 variáveis. Para o bem e para o mal.

Embora já tenhamos defendido essas teses faz algum tempo, eventos intensos como o que tivemos no mês de abril de 2020, acabam se tornando didáticos em explicitar os fundamentos por trás deles.

A quantidade de detalhes que fazem parte da formação de preços no dia a dia não facilitam o isolamento das variáveis mas, quando por força das circunstâncias, nos deparamos com situações como essa, precisamos aproveitar para os nossos aprendizados.

O que é capaz de derrubar os preços em 39% em 5 semanas e depois recuperar 28% em apenas 2 semanas?

É simplesmente o poder das expectativas atuando sobre a oferta e a procura. Não houve alteração nesses percentuais das necessidades reais da carne suína na economia.

No primeiro momento, aonde há uma indefinição e insegurança no mercado em geral, devido à pandemia e ao isolamento social necessário, as alterações e quedas de compras são acompanhadas de um excesso de oferta generalizado e previsível porque o futuro é totalmente incerto. O mercado comprador se retrai e a oferta aumenta em um percentual muito acima dessa retração.

E assim seguimos com quedas em sequência dos preços até o aparecimento da primeira notícia capaz de alterar essas expectativas negativas. Nesse ponto, a oferta se retrai imediatamente dando espaço para o escoamento dos excessos acumulados que começam a fluir naturalmente.

Se na sequência o mercado se mostrar dinâmico o enxugamento radical de oferta é disparado o que faz com que os preços rapidamente melhorem de patamar. Definitivamente não houve alteração efetiva de volumes comercializados na proporção das alterações dos preços mas sim das expectativas que operam ampliando ou enxugando a oferta muito além da realidade.

Preço é determinado por escassez, não por boa ou má vontade!

A escassez tem alto componente de expectativas!

A pandemia foi didática em Minas Gerais para deixar isso totalmente explícito.