Caminhos da suinocultura brasileira nas últimas décadas: 1997 a 2019

Após o enfrentamento eficiente, pelo Plano Real em 1994, do problema de inflação crônica brasileira, as cadeias de produção nacionais caminharam para uma normalidade. Nos anos seguintes, aspectos de eficiência e funcionamento passaram a ocupar mais espaço que a constante luta da remarcação dos preços e o país caminhou para novas etapas de seu desenvolvimento.

A partir de 1997 as séries oficiais de abates de aves, bovinos e suínos começam a ser divulgadas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. É através delas que vamos navegar pela história recente da suinocultura nacional associada às quantidades exportadas. Juntas fazem uma bela linha do tempo.

No primeiro ano da série abatemos 13,623 milhões de cabeças e 1,010 milhão de toneladas de equivalente carcaça. Nesse tempo o estado de Santa Catarina, que ainda é o maior produtor, era responsável por 42% do abate nacional e, somado com Rio Grande do Sul e Paraná, a Região Sul do Brasil abatia em torno de 82% do total do Brasil e esse patamar continuou até 1999.

Foi a partir do início de 1999 que Minas Gerais começou sua aceleração na produção de 5% de participação para praticamente 10% no final do ano 2000. E logo a seguir a Região Centro Oeste, composta pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, sai de 2% do abate nacional, em finais de 2000, e atinge praticamente 10% no início de 2004.

Essa distribuição percentual do abate é aproximadamente a mesma até hoje, aonde o estado de Minas Gerais (11,95%), a região Centro Oeste (10,31%) e todos os demais estados do Brasil somados terminam 2020 com 33,66% do abate e a Região Sul com 66,34%. Nela temos Santa Catarina com 28,76%, Paraná com 20,63% e Rio Grande do Sul com 16,96% ( Figuras 1 e 2).

Figura 1. Mapa do Brasil por estados e regiões.
Figura 1. Mapa do Brasil por estados e regiões.
Figura 2. Mapa do Brasil com as unidades produtora dos associados da ABPA.
Figura 2. Mapa do Brasil com as unidades produtora dos associados da ABPA.

No mesmo ano de 1997 as exportações somaram apenas 63,827 mil toneladas o que representou 6,31% da produção nacional. O brasileiro também consumia 30,0 kg habitante / ano de carne bovina, 22,7 kg de carne de frango e 5,7 kg de carne suína ou 58,4 kg por ano se somarmos as três principais proteínas.

Nessa primeira fase da suinocultura brasileira recente as exportações começaram a crescer em 2000 e acelerou até termos o pico em 2005 de 625,075 mil toneladas, ano que foram abatidas 23,462 milhões de cabeças que produziram 2,156 milhão de toneladas de equivalente carcaça, esse volume exportado significou 28,98% da produção total.

Em 2005 o brasileiro consumiu por habitante / ano 37,0 kg de carne bovina, 33,1 kg de carne de frango e 8,2 kg de carne suína que somadas temos 78,3 kg por habitante / ano.

O recorde exportado em 2005 só foi superado em 2016, quando vultuosas exportações para a Rússia levaram o volume anual a 724,578 toneladas (Gráficos 1 e 2).

Gráfico 1. Exportações anuais de carne suína em toneladas, segundo ABPA.
Gráfico 1. Exportações anuais de carne suína em toneladas, segundo ABPA.
Gráfico 2. Exportações brasileiras de carne suína em bilhões de US$ ano, segundo ABPA.
Gráfico 2. Exportações brasileiras de carne suína em bilhões de US$ ano, segundo ABPA.

Durante esses 11 anos a suinocultura manteve crescimento praticamente sem interrupções (Gráfico 3) e por consequência o mercado interno da carne suína cresceu! Apesar do recorde nas exportações em 2016 esse volume era de 19,54% da produção ou praticamente 10% abaixo do que havia sido em 2005. Já em 2016 o consumo era de 32,6 kg de carne bovina, 41,3 kg de carne de frango e 14,4 kg de carne suína ano e que somadas temos 88,3 kg por habitante ano.

Gráfico 3. Abate anual em mil toneladas de equivalente carcaça de carne suína no Brasil, segundo o IBGE.
Gráfico 3. Abate anual em mil toneladas de equivalente carcaça de carne suína no Brasil, segundo o IBGE.

Em 2017 e 2018 as exportações brasileiras de carne suína recuaram para 687,51 mil toneladas e 635,8 mil toneladas respectivamente, enquanto a produção continuou crescendo para 3,825 milhões de toneladas e 3,951 milhões.

No segundo semestre de 2018 a suinocultura brasileira estava em uma forte crise de preços pagos aos produtores e prenunciava um ajuste de produção mas, eis que o acaso, poderoso como sempre, coloca na história o evento da Peste Suína Africana na Ásia, em especial na China.

A partir de 2019 a produção mundial de proteínas inicia um novo capítulo! Falaremos dele no próximo artigo.

Neste mesmo ano o brasileiro consumiu em média 32,4 kg de carne bovina, 41,8 kg de carne de frango e 15,8 kg de carne suína por ano que somadas temos 90,0 kg por habitante / ano. O consumo interno de carne bovina já mostrava seguidas quedas, o de frango estabilidade em patamar elevado, acima de todas suas concorrentes e o de suínos continuava crescendo.

O Brasil é atualmente o 4º maior produtor e exportador de carne suína (considerando a União Europeia somada). Comercializamos a carne suína de qualidade para vários países em todos os continentes, produzidas com a mais alta qualidade genética, nutricional, sanitária e ambiental.