A mais importante variável de 2023, no mercado de carnes brasileiro, foi a fase de liquidação de fêmeas do ciclo pecuário do boi. O observador atento sabia desde alguns anos antes que isso iria acontecer. O que não sabíamos era a dimensão da queda de preços. Foi muito além de qualquer projeção.
E, por mais que saibamos que, a nível de produtor, as trajetórias de preços de boi, frango e suíno não estão amarradas, quando há um evento na dimensão do de 2023 no boi, os efeitos se fazem sentir.
O IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, informa mensalmente o detalhamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA que é o índice de inflação oficial do Brasil. Através dos seus subgrupos podemos entender ainda mais o que está acontecendo.
A inflação cheia do IPCA anual, analisada pelo mês de setembro de 2023 (ainda não foi divulgado o detalhamento do mês de outubro) foi de +4,546%.
Dentro desse índice temos “alimentos e bebidas” com +0,883%. “Alimentação no domicílio” com -0,780%, enquanto a “alimentação fora do lar” está com alta de +5,439%. A alimentação fora do lar tem o componente dos “serviços” que subiu +4,644%. Estamos vivendo o inverso dos eventos da Pandemia de Covid19 quando os produtos explodiram de preços enquanto os serviços sofriam deflação.
Continuando o detalhamento do índice, o conjunto “carnes” tem queda anual de -11,065%. Essa informação que virou notícia de jornal porque superou a maior queda que até então tinha sido em 1995.
Dentro delas “aves e ovos” com -7,370%, “contrafilé bovino” -12,750% e “carne suína” -2,061%.
Com recorde de pessoas trabalhando, sendo que a taxa de desemprego do Brasil em 7,7% no terceiro trimestre de 2023, que é o menor patamar para esse intervalo desde 2014 (6,9%) e a massa de salários em circulação na economia crescente em R$ 15,162 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 288,946 bilhões, uma alta de 5,5% referência do trimestre encerrado em agosto de 2023 ante o trimestre terminado em agosto de 2022, não me parece razoável ficar procurando as causas na demanda.
O que provocou essa queda e está segurando agora em 2023, a tradicional alta de preços dos suínos nos finais de ano é a velha conhecida oferta!
Segundo a prévia de processamento de animais para o terceiro trimestre de 2023, divulgados ontem pelo IBGE, só se viu crescimento.
Sobre o mesmo trimestre do ano passado: bovinos cresceram +11,1%, frangos alta de +3,1% e suínos subiu +0,5%.
Em relação ao 2º trimestre deste ano, todos também cresceram: bovinos + 5,8%, frangos + 1,4% e suínos + 3,7%.
Se existe um ano para testarmos a força da demanda das festas Natalinas e de Ano Novo será esse. Será a variável chave do preço!