Quando o final de ano se aproxima, várias questões sempre nos vêm à cabeça.
E esse ano? O mercado vai seguir o roteiro tradicional? Qual deve ser a minha estratégia de vendas? Não faltam perguntas. Vamos arriscar algumas respostas.
Pela série de preços mensais de suínos do CEPEA, iniciada em 2013, considerando a referência de Minas Gerais, a maior média mensal esteve no último trimestre em 9 dos 10 anos. Somente em 2017 isso não aconteceu.
Quando analisamos a média trimestral, o quarto trimestre teve a maior média em 8 de 10 anos. Quem fugiu à regra foi o mesmo 2017 com o primeiro trimestre melhor e em 2019 com o terceiro trimestre melhor.
Para continuarmos é importante um “disclaimer” ou isenção de responsabilidades. Todas as opiniões aqui são emitidas sob análises de dados e boa-fé, mas, mercados e economia são tão dinâmicos que elas não podem ser tomadas como certezas. As decisões finais são individuais de cada leitor que podem ou não considerar a visões descritas aqui.
Segundo eu acredito que em 2023 vamos repetir o 2017. E quais foram as características do 2017?
O melhor mês de preços foi o fevereiro, seguido pelo março. Exatamente como foi em 2023. Isso fez com que em 2017 o primeiro trimestre fosse a melhor média do ano, como também acredito será nesse ano. E, arriscando um pouco mais, a média do último trimestre lá foi 6,6% abaixo do melhor, o que nos projetaria uma média de R$ 7,06 no nosso T3 de 2023. Bem no nível dos nossos preços de resistência (teto) atuais.
As opiniões são baseadas no ano de 2017? De modo algum…são baseadas em tudo que temos conversado por aqui e que podemos resumir na resistência oferecida pela disponibilidade de carnes em geral (suína, bovina e de frango) no atacado e varejo em contraposição à alguma escassez de suínos vivos para abate.
Como exemplo de disponibilidade de carne podemos lembrar que o abate de bovinos no Mato Grosso, segundo o INDEA-MT foi recorde absoluto em agosto e segundo recorde em setembro. O abate de setembro por lá foi -4,2% menor que agosto, mas +23,0% maior que o agosto do ano passado. O restante do Brasil não deve estar muito diferente.
Quando olhamos para a média diária as exportações de carne bovina acumuladas em outubro temos 7.624 toneladas por dia útil contra 9.919 toneladas em 2022. Isso é menos -23% em volume.
Por dois caminhos temos mais carne bovina chegando recentemente no mercado interno para ser consumida.
Mas o boi subiu no produtor! Sim…foi retenção ativa. Observe no dia a dia do varejo e vai achar constantemente cortes bovinos abaixo de R$ 20,0/kg e frango abaixo de R$ 7,0/kg.
Olhando ainda o varejo, através da série de dados de preços da SEAB-PR, todas as carnes estão nos menores preços em setembro agora desde início de 2022! Isso é fruto de oferta abundante.
Em resumo, seria uma grande surpresa o “mercado soberano” permitir preços muito acima do que temos hoje apesar do final do ano.