Pesada demais para decolar?

Entre 2019 e 2020 tivemos um período de ascensão dos preços do suíno vivo no mundo e óbvio, também na referência Minas Gerais.

Em 2021 essa referência tinha uma banda de flutuação clara entre R$ 6,0 como piso e R$ 8,0 como teto no primeiro semestre e R$ 7,5 como teto no segundo.

Depois do trágico primeiro trimestre de 2022, onde o descasamento de preços em forte queda e custos em forte alta, produziu a pior relação de troca entre insumos e suíno vivo em pelo menos uma década, o restante do ano foi de recomposição dos preços. Entre agosto de 2022 e fevereiro de 2023 o teto de R$ 8,0 foi atingido várias vezes.

E agora temos o ano de 2023 nova queda de preços, mas, dessa vez, acompanhada de queda semelhante de custos, produzindo as melhores relações de troca desde 2020.

Em valores, desde março não conseguimos aproximar dos preços de R$ 8,0 por kg do suíno vivo e, na última ocasião, a liquidez do mercado foi visivelmente comprometida com tais cotações, situação diferente de 2021 e 2022.

Paralelo à oferta específica do suíno, a disponibilidade interna de carnes, já totalizada para o primeiro semestre, de 2023 foi a maior da história!

Somando-se as 3 carnes temos, na base semestral, 89,16 kg habitante ano de consumo per capita (+ 3,64 kg sobre junho de 2022). São 29,61 kg para carne bovina (+2,44 kg), 40,26 kg para carne de frango (+1,69 kg) e 19,29 kg para carne suína (-0,48 kg).

O ano de 2023 também está marcado pela fase de baixa do ciclo pecuário do boi com a maior queda de preços na arroba desde 1995, perda de preços diferenciados nos cortes de dianteiros das exportações e fraqueza nos preços do frango.

Observemos as trajetórias das carnes de dezembro/2022 a agosto/2023 segundo a SEAB-PR – Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná:

Atacado: frango resfriado -17,50%, dianteiro bovino -11,99%, traseiro bovino -16,29%.

Varejo: frango resfriado -16,76%, acém bovino -7,27%, filet mignon bovino -9,06%.

A competitividade da carcaça suína no atacado perdeu -9,30% com o frango resfriado e -2,44% com dianteiro e -7,71% com o traseiro.

A competitividade do lombo suíno no varejo perdeu -22,17% com o frango resfriado, -9,67% com acém e -11,83% sobre o filet bovino.

Só temos quedas!

Embora os preços do suíno vivo recentemente tenham demonstrado sinais de escassez de animais para suprir o atual consumo percapita em torno dos 20 kg habitante ano há peso demais na cadeia das carnes como um todo para permitir que um produto sozinho “decole”.

Tudo isso sugere que, por hora, não conseguiremos retornar aos valores obtidos no passado para a carne suína, embora o que importe, que é a margem sobre os custos, esteja bem melhor que os duros anos de 2021 e 2022.