No último texto falamos da escassez de suínos padrão “queijo canastra”. Nesse pretendemos mostrar as demais carnes, citadas no primeiro.
A inversão do ciclo pecuário do boi estava “programada” para 2023 fazia tempo. Os observadores atentos sabiam disso pelo menos desde 2020. O que não sabíamos, e ninguém esperava, era o tamanho da queda dos preços.
Quem também conhece o ciclo pecuário sabe que o que aumenta na fase de baixa é o processamento de fêmeas descartadas, primeiro pela queda do bezerro e depois, esse mesmo descarte, também destrói o preço do boi gordo.
O processamento de animais do segundo trimestre já teve a prévia divulgada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística portanto, conseguimos verificar o fluxo do mesmo e da disponibilidade interna das carnes.
Vamos lá focando exclusivamente a quantidade de carne sobre o trimestre anterior e o equivalente em 2022.
Boi, abate do segundo trimestre de 2023 sobre o primeiro: +12,59% e do segundo trimestre de 2023 sobre o segundo de 2022: + 9,47%. Disponibilidade interna de carne nas mesmas bases: +1,99% e + 11,87%.
Frango, abate do segundo trimestre de 2023 sobre o primeiro: -2,23% e o segundo trimestre de 2023 sobre o segundo de 2022: + 7,23%. Disponibilidade interna de carne nas mesmas bases: -1,26% e + 9,28%.
Suínos, abate do segundo trimestre de 2023 sobre o primeiro: +1,98% e o segundo trimestre de 2023 sobre o segundo de 2022: -0,32%. Disponibilidade interna de carne nas mesmas bases: -0,81% e -3,21%.
E por que falamos de boi até agora? Porque estamos em um ano incomum. O 2023, que está na fase de baixa do ciclo, até agora, tem a maior queda anual da história sendo 22,64% pelo indicador CEPEA – Boi Gordo média a prazo do Estado de São Paulo.
Para analisarmos separadamente as fêmeas bovinas precisamos voltar nos números do primeiro trimestre do IBGE porque a prévia não os contempla.
Vaca, abate do primeiro trimestre de 2023 sobre o último de 2022: +21,4% e do primeiro trimestre de 2023 sobre o primeiro de 2022: + 18,1%. Novilhas nas mesmas bases: +16,9% e + 15,5%.
Passe os olhos dinamicamente só nos números. Observe as proporções relacionadas aos bovinos. E o frango também não ajuda.
Será que o suíno sozinho, com seus números ligeiramente negativos, consegue fazer preço?
A vaca não foi para o brejo como no ditado popular. Ela foi para o frigorífico e está na gondola dos supermercados com cortes em promoção, sustentando uma luta fraticida com o frango e o suíno pelo consumidor brasileiro.
Texto originalmente publicado em Três 333 Brasil: https://www.3tres3.com.br/cenario%20economico_suinocultura/