Um dos grandes desafios nossos como seres humanos da espécie Homo Sapiens é ter a capacidade de se colocar no lugar do outro. Por alguma razão evolutiva da nossa espécie o egocentrismo sobreviveu, mas não temos espaço nem objetivo de debater isso aqui.
Os efeitos desse resíduo evolutivo vemos constantemente no nosso negócio porque o entendimento do funcionamento da suinocultura brasileira está claramente se dividindo em duas correntes: a histórica e a futurista.
E qual a diferença essencial entre ambas? Uma aceita os fundamentos de mercado apenas quando eles nos favorecem, sonhando com uma onipotência inexistente. A outra aceita e observa os fundamentos nos ciclos de alta e de baixa, consegue enxergar os outros elos da cadeia, sempre buscando o melhor momento para a comercialização dos seus animais.
Por isso, enquanto uma avança para o futuro, a outra continua reclamando dos eventos do capitalismo de mercado que, apesar das suas imperfeições, ainda é o melhor modelo existente para promover o progresso.
Depois dessa introdução filosófica, assim caracterizada pelos que se consideram práticos, vamos ao debate econômico direto.
Nos 2 ciclos já fechados em 2023 tivemos 5 semanas de baixa contra 7 de alta, a queda por ciclo foi de -R$ 1,20 e a alta foi de + R$ 1,40.
Em 2022 foram 29 semanas de alta com média de +R$ 1,23 de alta por cada ciclo e 18 semanas de baixa com uma média de -R$ 0,88 centavos por ciclo.
Em 2021 foram 29 semanas de alta com média de + R$ 1,55 de alta por cada ciclo e 23 semanas de baixa com média de -R$ 1,68 por ciclo.
Alguns ciclos começam e terminam em anos diferentes, por isso as semanas não somam o resultado de 52 semanas exatas.
Depois desses 3 parágrafos acima alguém ainda acha que os produtores estão em desvantagem no mercado?
E, para aprofundar, como esses ciclos funcionam?
Na maioria das vezes alternam retenção de animais pelos produtores até encher as granjas (retenção ativa) e na sequência ofertar no mercado (oferta ativa) e os frigoríficos, dosando as compras (retenção passiva) até esvaziar os próprios estoques e depois correr para comprar (demanda ativa). Entre parênteses são os “dialetos” que criamos e que expressam os eventos de mercado de forma mais direta e resumida.
Onde estamos hoje? Depois de nossa “retenção ativa” até encher as granjas, enquanto os frigoríficos estavam em “demanda ativa” passamos para “oferta ativa” enquanto os frigoríficos se retraíram para “retenção passiva”.
Sugiro fortemente que vocês procurem entender também os conceitos de suporte (R$ 6,0) e resistência (R$ 8,0) dos preços para complementar a visão do funcionamento de mercado. Voltaremos a falar deles oportunamente.
Nesse momento, quando a Bolsa de Minas e o Brasil em geral entraram na terceira semana de baixa em março (de R$ 8,40 para R$ 7,30), ainda não vejo nada de alteração dos fundamentos do mercado desse ano de 2023 que está na direção de ser mais enxuto e ter melhores preços. É apenas mais um ciclo como os descritos acima.
Em 2022, o maior ciclo de alta do ano começou em 07/04: +R$ 1,70. Nossa bolsa equivalente esse ano será em 06/04.
O que fazemos aqui é apenas pontuar os eventos do mercado de suínos. O entendimento e a posição que cada um escolhe e se sente mais confortável é livre.
Se você quer abolir os ciclos provavelmente está na corrente “histórica”, se está cada vez mais procurando perceber o que nos cerca é antenado com a corrente “futurista”.
Mas…só você mesmo pode decidir: pretende entender os ciclos para lucrar com os melhores momentos de vendas ou reclamar deles porque sonhou com preços acima da “resistência”?