Depois de passarmos o ano de 2022 observando, esperando e torcendo pelo enxugamento da oferta ela não veio, pelo menos até o terceiro semestre pelos dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Então, começamos a procurar o que pode estar diferente nesse ano em relação ao ano passado, quando houve uma queda brutal de 19,8 % no preço entre dezembro/2021 (R$ 6,93) e janeiro de 2022 (R$ 5,56).
Primeiro, o próprio ritmo de crescimento do processamento de suínos do IBGE. Em 2021 nessa mesma época ele estava crescendo 8,62% em 4 trimestres (ano) e mais 9,00% sobre mesmo trimestre do ano anterior. Hoje estamos respectivamente com 6,32% e 3,76%.
Não há enxugamento, é verdade, mas, há um ritmo de expansão menor.
E o que ritmo de expansão de oferta tem com os preços de mercado? Está aí uma boa hipótese!
O ritmo de expansão tem relação com a velocidade de carne que chega ao mercado e que se reflete no nível de escassez que é móvel. Se o nível de escassez, que é fruto da oferta versus demanda, fosse rígido estaríamos até hoje na crise de 2018.
Atualmente, vendemos no mercado interno 22,4% a mais de carne suína total e 16,8% a mais per capita (19,3 kg habitante ano sobre 16,5 kg habitante ano) que na mesma época de 2018.
Na medida que a produção cresce e é incorporada pela sociedade e pelos mercados, os consumidores vão também participando da definição de um novo ponto de equilíbrio. Certamente, o equilíbrio do início de 2022 não é o mesmo que está por vir no início de 2023.
Sinais existem, como por exemplo desde 27/10 o preço de R$ 7,30 é a referência de Minas Gerais. Agora já são 6 semanas consecutivas incluindo todas as épocas do mês, das mais às menos favoráveis. Dessas 6 semanas, 5 foram preços definidos em acordo com os frigoríficos.
Em 2021 os sinais de enfraquecimento do mercado já estavam presentes nessa mesma data em métricas claras. Esse ano, o mercado se mantém dinâmico e comprador!
Além do mercado interno, podemos observar que as exportações de carne suína ano passado começaram a cair significativamente em outubro, após o pico de setembro. Nesse novembro de 2022, fechado ontem, exportamos 14.637 toneladas a mais que novembro de 2021, o que representam 20,84%. É muita coisa!
Então, concluindo, nossa singela hipótese, a ser verificada, é que esse ano não estamos no nível de excedentes do ano anterior. A conferir brevemente.