Quem quebrou o piso de R$ 7,0 foi o peso de venda dos animais vivos!
Responder logo na primeira frase, para explicar depois, irá diminuir a ansiedade.
Toda a trajetória de preços de suínos de 2022, crescente desde o tombo de dezembro para janeiro, seja pela média mensal ou justamente pelo preço de suporte ou piso, que veio crescendo a cada ciclo, só é possível com escassez de mercadoria! O mercado é soberano e o preço nunca sobe sem demanda além da oferta.
Dissemos algumas vezes, ao longo do ano, que a escassez estava presente nos suínos, mesmo sem o equivalente nas carnes (carcaças e cortes) que não reagiam nas mesmas proporções. As relações de preços entre ambas mostravam isso claramente.
Sabíamos que parte desse ajuste vinha do peso médio dos animais e acreditávamos que outra parte vinha da redução de matrizes, já que a crise era forte e a remuneração não acontecia de modo satisfatório nem a nível de frigorífico.
Mas, quando o preço atinge seu pico de R$ 8,0 o kg vivo, em meados de agosto, houve uma retenção generalizada de animais pelos produtores, em um desejo legítimo de recuperar margens que já estavam defasadas fazia algum tempo. Esse aumento de pesos está se refletindo justamente agora e é parte importante da equação que forçou essa baixa.
A partir dessa recuperação de pesos de vendas dos cevados, a “nova oferta” rompeu o piso que vinha subindo desde janeiro. Hoje, o preço de referência em Minas Gerais está em R$ 6,40 ou 20% abaixo do pico.
Ainda acima do piso histórico de 10 anos que é em torno dos R$ 6,0, porém não mais acima dos R$ 7,0 como era a expectativa alinhada com o possível enxugamento no plantel brasileiro. Diga-se de passagem, enxugamento já ocorrido na suinocultura do mundo todo.
Tudo isso promove um ajuste nas nossas hipóteses para o restante do ano: se o peso médio derrubou o preço temos algum ajuste de matrizes em curso? Não conseguimos mais saber e estamos em compasso de espera.
O mês de outubro representa o décimo mês depois da queda livre de janeiro de 2022.
Saberemos em breve se houve mesmo ajuste de matrizes, a partir dessa queda, ou se o ajuste da lucratividade da atividade, porque nenhum negócio sobrevive sem lucro, se dará por diminuição de custos e/ou aumento de consumo, já que a resiliência da suinocultura brasileira, nesse momento, desafia as próprias leis do capitalismo!